Caracterizada como todo movimento voluntário com gasto calórico maior que no repouso, a atividade física é uma característica inerente do ser humano. Seja ela realizada nas atividades de vida diárias, nos esportes, ou estruturada e planejada nos exercícios físicos, podem-se observar padrões de movimento primários (ex.: agachamento) e complexos, sendo representados por um trabalho harmonioso entre mobilidade e estabilidade segmentar de todo o esqueleto, enquanto músculos motores primários deslocam o corpo e/ ou objetos no espaço.

        Shirley Sahrmann, renomada doutora na área de síndromes de dor músculo-esqueléticas, relata que pequenas alterações nos padrões de movimentos ao longo da vida geram fraqueza muscular específica. Em outras palavras, a falta de consciência física – entende-se esta como percepção do corpo no espaço, equilíbrio, estabilidade articular, controle postural e motor – leva o corpo a padrões pobres de movimento, aos quais se observa um ou mais segmento articular fora de sua posição neutra (instabilidade), desenvolvendo desequilíbrios e perda de força em músculos estabilizadores, aumentando o risco de lesão tecidual. Essa instabilidade gera, como forma de defesa neural do corpo, tensão, rigidez e encurtamento, comprometendo a mobilidade da articulação, que, como em um efeito de bola de neve, impossibilita a estabilidade de seus segmentos vizinhos, tornando impossível uma técnica adequada nos movimentos, por mais simples que sejam. Shirley sugere, ao identificar um encurtamento, que exista uma fraqueza em outro lugar do corpo. O encurtamento da musculatura posterior de coxa, por exemplo, aconteceria na falta de força de core, que não conseguiria estabilizar a região lombar.

        Visto que a falta de qualidade nos movimentos ocorre por estruturas desalinhadas, rigidez e inibição muscular específicas para cada indivíduo, vê-se a importância de uma boa avaliação física, destacando-se hoje no mercado o treinador capaz de identificar e corrigir tais desequilíbrios, discernindo entre falta de mobilidade, força e/ ou consciência física na observação de um padrão pobre de movimento. A solução desses desequilíbrios deve ser prioridade inicial para posteriores trabalhos com aumento de intensidades e volumes, voltados para o objetivo específico de cada pessoa, prestando-se portanto um serviço de maior qualidade, com prevenção e melhora de dores e lesões.

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